segunda-feira, janeiro 23, 2006

Matemática Lírica

"Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides,
boca trapezóide,
Corpo ortogonal,
seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram-
O que, em aritmética, corresponde a almas irmãs
-Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E, enfim, resolveram se casar
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até áquele dia
Em que tudo, afinal,vira monotonia.
Foi então que surgiu o Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais
Um Todo.Uma Unidade.
Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu aRelatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser Moralidade
Como aliás, em qualquer Sociedade."

Quem conhece o autor ? Eu, não. Mas gosto. Sempre gostei da linearidade da matemática, do seu despojamento, da sua pureza; nunca pensei possível uma relação amorosa com imagens algébricas e geométricas, mas como se vê (lê) é possível !!!