quinta-feira, março 08, 2007

PALAVRAS

Fascinado pela página em branco que pode conter tudo, lembro-me muito da que o Diogo Ary dos Santos deixou ao irmão, quando decidiu partir para a terra onde as pessoas dizem Poesia.

Foi com ele que aprendi a emoção de ouvir dizer, bem, poesia.

Essa ideia leva-me também para o 451º Farnheit, filme de um Godard intemporal, onde cada Resistente memoriza uma obra literária, na terra onde se queimam os Livros.

Assim poderá perdurar, por exemplo, “O fio da navalha”, livro do Somerset Maugham que li teria eu uns 17 anos, em que o Larry tinha o desprendimento do Mundo e a ternura interior que o levava a viver cada minuto com a intensidade e a liberdade de poder ser o primeiro ou o último.

Cada um vai lendo, em voz alta, o livro que importa; a fraternidade que emana dessas cenas é de uma beleza simples.

Humanismo, ainda possível, mesmo quando os livros ardem.

África, onde a tradição oral é portadora e transmissora de conhecimento e de cultura. Léopold Senghor, senegalês que foi membro da Academia francesa e também Presidente do Senegal, um dos grandes paladinos da língua francesa, disse com a sensatez e o conhecimento do Velho africano “...em África, quando um ancião morre é uma biblioteca que arde.”

A palavra solta que surge, a construção do ritmo, a passagem progressiva da sombra para a claridade da Ideia, a partilha com alguém que sinta aquele texto escrito para ele, se diria, tal a proximidade que estabelece com o leitor.

O que importa, que afectos marcam a nossa existência, a linha que unirá o Zénite e o Nadir das nossas vidas, por onde passa ela ? Que pontos percorre, onde toca, ao lado de que palavras por dizer passará ?

Que fazemos das palavras ?

3 Comments:

Blogger manuel cardoso said...

"Fascinado pela página em branco que pode conter tudo, lembro-me muito da que o Diogo Ary dos Santos deixou ao irmão, quando decidiu partir para a terra onde as pessoas dizem Poesia." Que página em branco deixou o Diogo?

9:59 da manhã  
Blogger manuel cardoso said...

"Fascinado pela página em branco que pode conter tudo, lembro-me muito da que o Diogo Ary dos Santos deixou ao irmão, quando decidiu partir para a terra onde as pessoas dizem Poesia." Que página em branco deixou o Diogo?

manuel cardoso

10:06 da manhã  
Blogger manuel cardoso said...

"Fascinado pela página em branco que pode conter tudo, lembro-me muito da que o Diogo Ary dos Santos deixou ao irmão, quando decidiu partir para a terra onde as pessoas dizem Poesia." Que página em branco deixou o Diogo?

Gostava muito de poder trocar impressões consigo sobre este tema.

11:42 da manhã  

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