PAI
O meu pai fazia anos hoje, penso sempre muito nele neste dia.
Lembro-me muito da cara dele, do seu temperamento, da sua calma aparente, do quanto me foi ensinando ao longo da vida, mais pela acção exemplar do que pela palavra.
Já uma vez o escrevi, o que sou a ele o devo. Não tivesse ele tido a coragem de partir para África com 17 anos, permanecendo lá cerca de 10 sem vir a Portugal, estaria eu talvez como pastor a tratar das ovelhas de alguém, lá nas encostas serranas por onde tantas vezes me levou e com ele aprendi a interpretar, a sentir.
Homem de poucas falas, dizia o essencial, no momento devido.
Uma bela tarde, em São Romão, em que me irritei com um dos meus filhos ainda pequenos e lhe chamei um nome que já não recordo , do género "não sejas parvo", olhou-me nos olhos com toda a serenidade do Mundo e disse-me: "Nunca insultes um filho teu".
Fazes-me falta, pai.
1 Comments:
Pequeno texto mas comovente, com sempre...
Se fosses pastor seria provavelmente uma ovelha, por isso obrigado também ao meu Avô que, apesar de pouco conhecer, também me faz falta de alguma forma.
Parabéns Avô.
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