sexta-feira, julho 15, 2005

Não há festa nem festança sem a Constança...

Olá Constança !
Tu não tens culpa, juro que estás inocente, não influenciaste um Senhor ainda Político da nossa praça (parece que tem boa cabeça e é tão inteligente que não quer aceitar nenhum cargo que lhe traga muita maçada e pouco bago, habituado que está ao doce remanso bruxellois wallon, bien sûr...ora essa, nada de mais humano e natural, deixemo-nos de hipocrisias moralistas geradoras de boas consciências apressadas).
Hoje é dia de Festa Nacional, calha bem porque é Sexta-Feira e assim a malta vai toda passear, sempre dá mais um diazito, organizando bem as coisas tiram-se 12 dias de férias e temos p'ra aí para cima de 23, sempre ficamos com mais uns dias para ir para Porto Galinhas ou para a Porcalhota, mais ainda, de boa consciência pois estamos a participar cívicamente na defesa sagrada do bem estar do nosso querido povo.
Lembro-me de um pescador com quem partilhei uma estadia estival no Hospital Egas Moniz - obrigado malta, trataram-me muito bem, foram muito queridos comigo, saí de lá cheio de vontade de não voltar, o que é sinal que me encorajaram a gostar ainda mais da vida e com saúde, já agora - pescador esse que durante uma noite de insónias mútuas me contou quase toda a estória da sua vida.
Não é que o diabo do homem tinha trabalhado desde os 12 anos, passou pelas guerras de África, ao fim de não sei quanto anos de de pescador de rio ousou e conseguiu passar a pescador de mar (ali para os lados de Alcácer ), tinha gosto em ir à faina todos os dias, se a pesca estivesse "a dar" tanto melhor, criara dois moços encorpados e a respirar saúde que o foram visitar num Domingo, Dia Santo de Guarda, "last but not least", nunca tinha recebido um subsídiozinho, por magro que fosse, pois, dizia ele, o melhor subsído é o Trabalho que o dá.
Ele e os filhos, pois então, até tinham recusado um pecúlio para não fazer nada, ou seja, abater o bom do barco para "reduzir o esforço de pesca" e ficar a viver à custa do cacau que assim lhes cairia de Bruxelas.
Isto não é extraordinário ? Aos olhos, valores e exemplos de hoje, não lhes parece uma estória de zombies alienados ?
Para ti Ilídio, o meu muito obrigado pela lição de vida que me deste ! À tua, pois se bem me recordo também gostavas do teu copito para dar côr às memórias.
Procurei-te mais tarde na Carrasqueira, mas já tinhas ido ver como estavam as modas em Marte, onde ao que consta não há água e poderás descansar assim da tua vida de homem que nela ganhou o sustento e o orgulho de ser um Homem Digno.