quarta-feira, julho 13, 2005

BERLIN II

Não me "encontrei" em Berlin, sendo verdade que não fui lá para isso. Como sempre gosto em qualquer parte do Mundo, gostei dos espaços verdes, gostei dos choupos de Berlin nas margens dos canais, gostei da arquitectura moderna (não sendo arquitecto não sei se a classificação é esta) dos inúmeros edifícios construídos desde a queda do muro, gostei dos fragmentos de muro expostos com graffitis, gostei de ver as pessoas a deslocarem-se de bicicleta, gostei da heterogeneidade da cidade, gostei da Ilha dos Museus - cá por mim punha toda a arte nas ruas, a arte não é para estar fechada, protegida, num qualquer museu ou cofre forte, é para se viver -mas uma pequena nesga de terra com cinco museus (penso que não me enganei no número) revela bem a qualidade e exigência artística dos Berlinenses.
As pessoas ?
Fiquei com a impressão de que os Berlinenses não estão, vão sempre a caminho de qualquer coisa, de alguém. Talvez porque Berlin é, para mim, uma cidade sem centro, então anda-se de um lado para o outro, mas não se está. A sensação é estranha, nunca a tinha sentido em lado nenhum, ainda não entendi bem a sua natureza.
Entre muita gente muito bem educada, muito profissional, com um bom atendimento, registei uma nota em linha com a minha falta de "química" com muitos alemães. Andava eu ali por alturas da Leipzigstrasse a caminho do hotel, Sábado à noite "fever", quando uma montra de velharias me atraiu a atenção e portanto parei e virei-me para a minha esquerda, onde se encontrava a montra. Fui então autênticamente atropelado por um Panzer macho e por um Panzer fêmea, que continuaram em boa marcha prussiana a caminho de alguma feira nocturna de carros de combate; assumo com boa vontade que estariam muito apressados para o desfile da vitória, só por isso não me pediram desculpa.
Gostei muito de um bairro bem para lá da Ku'dam onde vivem, segundo um amigo alemão que já correu Mundo e lá vive, muitos turcos, italianos, árabes, enfim, muita gente que não é própriamente de raça ariana. Aí senti-me no meu bom velho Sul, com alma, com risos de pessoas, esplanadas à farta nas ruas, se calhar roupa pendurada nas traseiras, inúmeras pequenas lojas com bancas de frutas, legumes e uma imensidade de bens alimentares de N origens, um ritmo calmo e regular feito pelas pessoas para as pessoas do bairro, que essas, sim, estão.
Sem turistas.
Para falar de factos de que gostei, poderia falar-vos do meu almoço de quatro horas com o meu amigo e familiar JFCR, num ameno cavaqueio que viu partir os últimos clientes do almoço e chegar os primeiros do jantar, num belo pátio interior de um restaurante muito agradável e, segundo me disseram, muito frequentado pela malta "in" lá do burgo, artistas, jornalistas, publicistas e outros "istas" de bom gosto.
Berlin
des années vingt...

1 Comments:

Blogger GoncaloCV said...

Berlin não me atrai, nem suponho que ela se sinta atraída por mim. Não suporto alemães. Não podemos gerenalizar, até é perigoso, mas desde que visitei campos de concentração Nazis, fico com vontade de lhes cuspir para cima. Norte a Sul, Norte e Sul, De facto as diferenças são inúmeras. Já tive o meu período de Norte (mesmo que não muito a norte), prefiro mil vezes o Sul, os seus hábitos e os seus hobbits. Bjs

6:12 da tarde  

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