ENSINO - 1

Era uma vez um senhor chamado Matias, que se dedicava a uma tarefa nobre entre todas: ensinar, transmitir conhecimento ( já agora convidaria à comparação entre o estatuto social de um professor nas sociedades muçulmanas e cá pelo burgo: tenho ideia de que ficávamos sem professores, pois eram capazes de emigrar todos para o Islão, nem que fosse para o Iraque ). Tinha 37 anos, casado e pai de duas adoráveis criancinhas, a Joana e a Sofia. A mulher é funcionária administrativa no Secretariado para a Reforma Administrativa e lá vai dando o seu contributo para não haver reforma nenhuma, pois receia que uma vez a Reforma feita o Secretariado para a dita viesse a ser extinto e lá se acabava o "tachito", que bem falta lhe faz para ajudar a pagar as prestações do carro. Moram no Casal de São Brás, ali para os lados da Amadora, se não estou em erro.

Esperava o dito Matias, com ansiedade anualmente renovada, que o colocassem nalguma escola onde continuasse a transmitir conhecimento com saber, entusiasmo, dedicação, cheio de projectos educativos que lhe bailavam na cabeça em todas as férias. Sabia que teria de se apresentar no dia 1 de Setembro e no dia 30 de Agosto lá saíram os resultado no site oficial do Ministério, que consultou ávidamente, na expectativa de não lhe ser atribuída uma escola muito longínqua, até porque o gasóleo está para o carote.

Saiu-lhe na rifa a Escola do Ciclo de Casais de Baixo ( a de Casais de Cima ruiu o ano passado, felizmente foi de noite e não estava lá ninguém, razão porque as crianças foram todas concentradas na de baixo, apenas a três quilómetros de distância, uma horita a pé enquanto não houver transporte escolar gratuito ou um dos primogénitos a passar por lá a deixar os rebentos ).

Fica só a 150 kms. do Casal de São Brás, coisa pouca, duas horitas de carro para ir, mais duas horitas para vir,cerca de 6000 km por mês, 420 litros de combustível, 420 € por mês só de gasóleo, enquanto o barril de petróleo vai subindo, subindo, subindo...a guerra tem de ser paga, era o que faltava serem os defensores da liberdade a terem de suportar os custos.

Os projectos educativos imaginados ao longo das férias foram então vítimas de um ataque devastador das Forças do Desânimo e o Matias lá disse para com os seus botões "pois é, lá vou ter de dar cabo da cabeça a mais uns tantos, talvez para o ano haja menos vítimas."

ALGUÉM ME EXPLICA A NECESSIDADE DA ROTAÇÃO DOS PROFESSORES ???