FIOS
Há poucos dias, enquanto conduzia, as imagens que permanentemente passam na nossa sala de cinema, personalizada ao ponto de sermos os únicos espectadores, essas imagens...dizia mas já não digo pois tomei um atalho para esse cinema, essas imagens levaram-me de novo até mim, aos meus sítios.
Não se tratou de uma viagem ao passado, mas sim de me aperceber dos fios condutores de vida que unem esses sítios.
Fios de seda, frágeis e quase imperceptíveis, que eu próprio por vezes tenho dificuldade em sentir na ponta dos dedos que os procuram.
Neles passam os rigores do Inverno na Serra da Estrêla telúrica e simples, que sabe acolher os que a amam e rejeita os que apenas por lá passam sem a ver - muita neve cai na serra, só anda pelos caminhos velhos quem tem saudades da terra, lá escreveu o Z.A. - quem melhor soube cantar as portuguesas gentes; os rios africanos por onde as pequenas pirogas avançavam durante dois dias a caminho da plantação de café, no meio de árvores, árvores, árvores grandiosas, sons e gritos da floresta, um ou outro crocodilo mais sonolento no banco de areia, uma hipótese de trabalho para quem quiser provar a existência de um Deus absoluto e fraterno, que nos faz partilhar e integrar tais maravilhas; a trovoada mais esmagadora quando descia de carro das alturas da meseta ibérica para o cantábrico San Sebastian, com os raios a rasgarem o horizonte de Poente para Nascente sobre o mar adivinhado...e também, muitas e muitas cenas mais à frente, os fios que adivinho me ligam ao sítios para onde me dirijo, fazendo escalas de porto em porto até me reencontrar no alto mar.
Os meus passados, as memórias que deles guardo, os amanhãs da minha vida.
Fios.
1 Comments:
Onde pára a petição para o G! presidente?
Aquele abraço,
Serra
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