AUSÊNCIA
Devo ter percebido ontem o que é a ausência de alguém que nos é querido.
Ausência material, perfeito paradoxo pois se algo pode haver impossível de materializar será ela mesma, a ausência.
O absoluto vazio, a impossibilidade de tocar, o saber que não está lá, esse espaço que continua mas sem.
Estava mais habituado à falta do outro, quando se parte.
Aprendi a falta do outro, quando se fica.
Quando se parte, tudo é diferente, incluindo a não presença do outro.
Quando se fica, tudo é igual, excepto a ausência do outro.
É, talvez por isso, muito mais fria e presente, ela, a ausência.
Vivi-a ontem, ao passar no Jardim da Estrêla.