quarta-feira, agosto 31, 2005

ECONOMIA

" A economia deve servir as pessoas e não as pessoas servirem a economia"

Eis um princípio sensato, que mesmo a sabedoria dos anciãos pode lembrar, pois da sua aplicação pode resultar uma sociedade melhor.

segunda-feira, agosto 29, 2005

CEGO

Um homem desce a Avenida, com a sua bengala de cego a tactear as referências conhecidas e a guiá-lo no seu percurso. Súbitamente pára e começa a tentar encontrar frenéticamente com a bengala uma qualquer coisa, depressa se percebe a razão. Ao tocar uma espécie de coluna que faz parte da entrada do Metro, desabotoa-se onde deve, puxa o que tem a pôr cá fora, agarra com ambas as mãos a dita coluna a que quase fica encostado e goza a esplêndida felicicade do alívio conseguido...

Foi das cenas mais duras a que assisti até hoje, tão dura que não a consigo guardar só para mim.


SORRY !

Lisboa romântica

Sábado à tarde, cidade quente, quase sem ninguém. Situação ideal para fazer uma daquelas coisas que podemos sempre deixar ( e deixamos ) para mais tarde, neste caso ir para os lados do Chiado e tentar localizar uma entidade que por ali funciona e serve refeições, baratas, de Segunda a Sexta. Ao que parece cozinha familiar, com uma simpáticas senhoras a servir. Sala: um pequeno terraço, com uma vista gloriosa sobre Lisboa. A pedido de eventuais interessados, informa-se onde é.
Ao deambular por aqueles lados, quase não vi portugueses. Alguns turistas, a gozar as escadinhas, os recantos, as janelas floridas, a frescura de uma árvore, o “charme” de uma cidade carregada de memória e de afectos.
A nostalgia em estado puro.
Por ali passa o 28, carreira de eléctrico que teima em circular por entre bairros, ruas e vielas antigas, monumentos arquitectónicos, desde a Basílica á casinha com azulejos e vasos pendurados nas grades de ferro forjado.
Porque não hoje?
Vamos aos Prazeres apanhá-lo, vai à Estrêla, desce para São Bento, sobe a Calçada do Combro, aí está ele no Chiado, aproxima-se da R. da Conceição que percorre para depois ir à Sé, encosta do Castelo, Portas do Sol, o Tejo a dar-nos um abraço, a Graça, Alm. Reis e finalmente Martim Moniz.
Uma rápida incursão até à Praça da Figueira, já a pé, passando pela antiga Igreja de São Domingos, em que se entra decididamente no ambiente luso-afro-asiático desta nossa cidade.
De tudo um pouco, com a conversa lenta e feliz de quem revê amigos e compatriotas, por entre sonoras gargalhadas uns, discretos sorrisos outros. O Braz & Braz lá está, o Hospital das Bonecas também, há por ali tascas onde ainda servem os saborosos e desprotegidos passarinhos, “malgré la loi”. Assim me pareceu, pelo menos.

Lisboa, que alguns consideram uma das cidades mais humanas da Europa...

sexta-feira, agosto 26, 2005

ASSIM VAI A MACACARIA, com a devida vénia...

Incêndio num prédio em Paris faz pelo menos 17 mortos
Só 20 por cento dos incêndios têm origem criminosa
Incendiários são excluídos socialmente (tadinhos...)
IRS: contribuintes não declararam mais de 350 milhões de euros
Grã-Bretanha: polícias dispararam durante mais de 30 segundos sobre Jean Charles
Desigualdade no mundo é hoje maior do que há dez anos
Iraque: 13 mortos em vários ataques
Gasóleo ultrapassa um euro
Investigação: três portugueses entre os mais influentes do Mundo
Bruxelas desvaloriza perigo da gripe das aves
Mau tempo na Europa já fez mais de 50 vítimas mortais
PJ ameaça fazer greve nacional
Setúbal: parque de merendas invadido por carraças
Corrupção urbanística: MP vai investigar autarquias locais
Americanos: 119 milhões de obesos...

...e viva o SLB, mais os couratos à porta da Luz !!!!


HORROR - the End

Lamento informar que a família Marek, Zézinha, Agnieszka e petit Roger não sobreviveu ao desejo de querer ver um incêncio ao vivo. Como a oferta era muita, resolveram atirar a moeda ao ar e foram parar ao Vale de Paus, nas encostas da Serra da Estrêla. No meio de tanto fogo - as nossas TV's já podem dar-nos a impressão que somos importantes, toda a Europa sabe que Portugal está a arder - a pobre família lá fez a sua última viagem ( de turismo rural e não só ), boa razão para aqui nos esquecermos da sua passagem.

R.I.P.

terça-feira, agosto 23, 2005

EU

Este cansaço de mim...

segunda-feira, agosto 15, 2005

HORROR - take four

Acabou !!!!
A minha semaneca pelos reinos algarvios acabou !!! Vi por lá imensos clones da família do petit Roger ( incluindo o próprio ), a água estava óptima, o areal continua a mesma maravilha ( onde é que no Mundo se encontra uma extensão de areia de cerca de 20 kms a bordejar um mar lindo, com uns milhares de pessoa concentradas numas centenas de metros e o resto por nossa conta, logo quase sem ninguém em pleno mês de Agosto, vá lá digam-me... ).
Também havia muito Reininhos, mas eu até gosto da pronúncia do Norte, de modo que nada a obstar por esse lado.
Mas...e o serviço, meu Deus...os algarvios até que fazem (?) por ser simpáticos, mas decididamente não sabem ( não estão preparados para) receber tanta gente. Nos restaurantes então, uma calamidade, por detrás do sorriso amarelo e cansado de tanto trabalho e calor, uma imensão incompetência. Uns piores que outros, mas todos maus...sem saberem dizer DESCULPE perante tanta falta de qualidade. Nós é que somos uns "complicados", que não sabemos esperar 45 minutos pela conta sem pestanejar, isto depois de meia hora na expectativa dos cafés. Até nem se comeu mal, mas cada jantar acabava numa crise de nervos...juro que não estou a exagerar. Este ano vou-me preparar devidamente para enfrentar o próximo "round"...nada melhor do que um curso de cozinha e "do it yourself", pois então, para evitar ir às trombas ao próximo que me informar que um passeio de barco na ria Formosa é...de barco !!! Pois é, mas assim também tenho de comprar um barco ! HORROR !!!
Acabou !!!

CÂNTICO NEGRO

Caiu-me assim, por acaso, em cima da mesa do café, quando lia o jornal que me acompanha há décadas: o "Cântico Negro", nada mais nada menos, um poema de que é impossível não se gostar, pelo menos quando (enquanto ?) se é jovem, "a" referência da poesia do José Régio. Que maravilha, agradeci aos Deuses todos a benesse que me concederam de poder reler, assim, inesperadamente, numa esplanada algarvia à sombra amiga de um aloendro, palavras que me ensinaram a procurar saber ser uma pessoa, teria eu os meus "early 20's".
Assim me tornei um bocado "urso", como gosto de dizer quando estou mais benevolente comigo próprio, ferozmente defensor da minha tribo, amante da liberdade de poder ser o que sou, desde que me apeteça. Sempre, sempre, sempre. Como ouvi uma vez dizer ao Camilo José Cela, "a imensa dignidade do ser humano, ao ser o que é".
"Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
tendes pátria, tendes tectos,
e tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios,
eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como a um facho, a arder na noite escura,
e sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios..."
Saravah, seu Régio !

sexta-feira, agosto 05, 2005

HORROR - take three

Não estou cheio de curiosidade em conhecer o petit Roger, a Agnieszka, a Zézinha - pois, eu não vos disse, é uma portuguesa que em Petit Village (ali para os lados de Lille) conheceu um descendente de emigrantes polacos, o Marek, e por lá se ficou, na belle et douce France.
O petit Roger, fruto como se vê de uma sociedade plural, até ambiciona vir a ser um dia convocado para representar "les bleus" , uma vez que hoje os talentos do futebol francês têm quase todos as suas raízes familiares algures, mas não própriamente na Normândia. Coitado do Jean Marie (esse, de apelido Le Pen) deve andar um bocado deprimido em ter de ir ao estádio aplaudir aquela gente, que apelaria de escumalha não fossem glórias nacionais ( aqui entre nós, ele e mais uns largos milhões de franceses de "souche"...e viva o futebol, com uma evidente capacidade de osmose social).
Assim sendo, o meu interesse em não conhecer tal família e o ambiente em que se encontram neste momento (ouvi dizer que já removeram a grua que estava em frente à cozinha e que os levava direitinhos para casa, pelo que à falta de elevadores agora têm de subir os tais 13 pisos a pé, o que vale é que têm as forças recuperadas com a manhã de praia) leva-me a também ir "de vacances". Pode ser que não os encontre e consiga evitar o meu próprio Horror.
Wish me luck!

HIROSHIMA

O holocausto atómico, a desrazão do homem, o horror, a ausência de palavras, o vazio, um livro magnífico - Hiroshima, mon amour - que a Marguerite Duras teve a sensibilidade de escrever.
6 de Agosto 1945.
Faz amanhã 60 anos, também era Verão em Hiroshima.

É PROIBIDO ESQUECER !!!

segunda-feira, agosto 01, 2005

HORROR - take two

Ao que parece a Agnieszka e o petir Roger já chegaram, na companhia da mamã e do papá.
Claro que estão um bocadinho cansados, pois tiveram de passar uma agradável noite de Verão a dormir no carro, numa área de serviço da autoestrada, pois o diabo do trânsito não andava nem desandava, apenas parava.
Só em França parece que houve mais de 500 km de engarrafamentos neste fim-de-semana e em Itália o panorama terá sido idêntico.
Afinal o apartamento está numa zona moderna da cidade-que-já-foi-vila-há-pouco-tempo pois há uma quantidade de prédios de 15 andares em fase de conclusão ali na zona, como o prova uma grua que está exactamente em frente da cozinha e ainda em operações.
Vão ver se travam amizade com o operador da grua para que este os içe, qual carrada de tijolos, até ao 13º andar cada vez que voltarem da praia. É que após uma caminhada de 4,7 Kms ter ainda de subir "à la pate" os 264 degraus que os separa do apartamento é um bocadinho cansativo.
A Zézinha a primeira vez que subiu chegou lá acima e ia-lhe dando uma coisa má, depois da ascensão que levou quase uma hora a fazer. Apesar disso está muito contente pois os alhos lá na terra dela custam mais do dobro do preço a que os viu numa loja cujo dono era um rapaz muito simpático, assim muito queimado - deve ser da praia - e de bigode farfalhudo com uma pronúncia com muitos h's aspirados, até parece que está com falta de ar, coitado do moço. É bem verdade que os países do Mediterrâneo têm as suas vantagens, moços bonitotes e alhos baratos são as primeiras de que a Zézinha se deu conta. Férias, férias...