terça-feira, março 27, 2007

VILANAGEM

Ouvi hoje uma notícia mais na rádio referindo que um Senhor ex-administrador da Galp, cujo nome não me ocorre mas isso também é irrelevante, transitou da Galp para a REN (salvo erro), nomeado pelo Estado, tendo recebido um pequeno abono para o ajudar a suportar a angústia de tal transição: 500.000 € de indemnização por sair da Galp !!!!
Ora por esta altura é muito badalada a notícia de que o Salazar afinal não terá sido tão...o que quer que seja...quanto isso, pois foi considerado o melhor português de sempre. Não conheço as motivações que levaram os portugueses a votar como votaram, mas ia jurar que talvez o facto de não lhe ser conhecida fortuna ( nem enquanto nem depois de ter exercido as funções de Augusto e Venerando Chefe do Governo e teve tempo para isso...) ajude a explicar: é que o homem podia ter muitos defeitos, mas ladrão não era !
Para o bem dos vilões e sobretudo para o mal de todos os outros, hoje em dia a praxis é bem diferente, daí a incontornável nostalgia de algumas almas, sobretudo aquelas que não sentem a necessidade de serem Homens Livres pois a Liberdade não se come ( não se come, mas vive-se, seus idiotas ).
É de fartar Vilanagem !
PS: Não haverá ninguém que ponha estas excelsas excelências na cadeia ??? Eu bem sei que parace que é legal, mude-se a Lei ! Mas sendo talves legal, é moralmente ilegítimo, prendam-me estes tipos ou obriguem-nos a usar um T-Shirt "EU SOU UM GRANDE LADRÃO "

sexta-feira, março 23, 2007

DOR

Pai, afasta de mim esse cálice...

Esta é uma frase que consubstancia a angústia anunciada, traz em si uma carga emocional tão intensa que faz surgir, brutal, o desespero e a inevitabilidade da Dor...

Que sabemos nós da Dor ?

Alguém amigo me escreveu da guerra umas palavras de Natal que diziam : " Se tropeçares, que o faças sob o olhar de Deus ".

Esse amigo morreu na guerra para onde nunca devia ter ido.

Esta noite vou beber um copo, pensar em ti, agradecer-te as palavras que nunca mais me abandonaram.

Sentiste a Dor, Zé ?

sábado, março 17, 2007

Acordar


Há muito tempo que não via a cidade a acordar: primeiro eléctrico, primeiro café a abrir, primeiro melro a cantar no jardim ainda com o orvalho da noite , primeiro jornal, primeira pessoa no passeio a caminho do trabalho, primeiro raio de Sol, a claridade a abrir a cidade à serenidade e alegria íntima de um dia que nasce...



...quantos mortos, hoje, em Bagdad ?




quinta-feira, março 08, 2007

PALAVRAS

Fascinado pela página em branco que pode conter tudo, lembro-me muito da que o Diogo Ary dos Santos deixou ao irmão, quando decidiu partir para a terra onde as pessoas dizem Poesia.

Foi com ele que aprendi a emoção de ouvir dizer, bem, poesia.

Essa ideia leva-me também para o 451º Farnheit, filme de um Godard intemporal, onde cada Resistente memoriza uma obra literária, na terra onde se queimam os Livros.

Assim poderá perdurar, por exemplo, “O fio da navalha”, livro do Somerset Maugham que li teria eu uns 17 anos, em que o Larry tinha o desprendimento do Mundo e a ternura interior que o levava a viver cada minuto com a intensidade e a liberdade de poder ser o primeiro ou o último.

Cada um vai lendo, em voz alta, o livro que importa; a fraternidade que emana dessas cenas é de uma beleza simples.

Humanismo, ainda possível, mesmo quando os livros ardem.

África, onde a tradição oral é portadora e transmissora de conhecimento e de cultura. Léopold Senghor, senegalês que foi membro da Academia francesa e também Presidente do Senegal, um dos grandes paladinos da língua francesa, disse com a sensatez e o conhecimento do Velho africano “...em África, quando um ancião morre é uma biblioteca que arde.”

A palavra solta que surge, a construção do ritmo, a passagem progressiva da sombra para a claridade da Ideia, a partilha com alguém que sinta aquele texto escrito para ele, se diria, tal a proximidade que estabelece com o leitor.

O que importa, que afectos marcam a nossa existência, a linha que unirá o Zénite e o Nadir das nossas vidas, por onde passa ela ? Que pontos percorre, onde toca, ao lado de que palavras por dizer passará ?

Que fazemos das palavras ?

sexta-feira, março 02, 2007

Espólio de Salazar

Ao que parece, segue caminho a ideia de se fazer um museu em Santa Comba Dão ( onde nasceu e sempre manteve a casa ) a Sua Excelência Reverendíssima, o Chefe de Governo Prof. Salazar, que durante 40 anos andou pelo jardim à beira mar plantado ( pelo andar das coisas, o jardim vai ficando cada vez mais estreito, a Costa da Caparica que o diga ) a defender os Bons e Brandos Costumes do nosso Bom Povo, uno e indivisível do Minho a Macau.

Pois bem, acreditem que no seu espólio pessoal ( parcialmente ainda na posse de um seu sobrinho-neto, a documentação "oficial" está na Torre do Tombo ) existe também uma peça, um caderninho com 8 cm de altura e 4 de largura, onde constam notas pessoais que vão desde uma listagem de senhoras sérias e outras que o seriam menos a um repositório de versejares populares, pela amostra que se segue também a atirar para o original:
" O amor é uma cobiça,
entra pelos olhos e sai pela piça"
Fiquei fascinado pelo Homem !